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Neste artigo para o Jornal O Serrano, Henrique Vieira Filho relata as curiosas diferenças entre a história real e a forma como o momento “Independência ou Morte” foi retratado pelos artistas em suas pinturas.
Publicado resumido no Jornal O SERRANO, Nº 6420 de 06/09/2024
Versão de Independência Ou Morte – Ilustração de Henrique Vieira Filho
“Abaixe o braço, que o cheiro está forte!” – é o que gritam, em coro, os alunos da 5a série escolar, perante a pintura “Independência ou Morte”, exposta no Museu do Ipiranga.
E estão cobertos de razão! Imagine uma comitiva viajando por vários dias, montados em burros (à época, o melhor meio de transporte para superar a Serra Do Mar), sem banho, apaziguando revoltosos e, para piorar, acometidos por um persistente desarranjo intestinal! É de se esperar que o aroma não fosse dos melhores!
Esses são os fatos narrados em cartas dos participantes deste momento épico, porém não tão “romântico” quanto a imagem retratada nas pinturas.
Após ler as mensagens de Maria Leopoldina e José Bonifácio, que o aconselharam e alertaram que Portugal iria intervir no Brasil, D. Pedro, de fato, proferiu a célebre frase, dita primeiro aos mais próximos, e novamente, em discurso perante a tropa que o acompanhava.
Ninguém estava em trajes de gala, nem levantando espadas e menos ainda, montados em cavalos puro-sangue. Estavam exaustos, sujos de terra, simplesmente ao lado de suas nadas majestosas, porém, muito eficientes… mulas!
Ainda que realista e histórica, convenhamos, não é uma imagem bonita! Justamente por isso que os artistas que a retrataram tomaram algumas liberdades poéticas e optaram por “melhorar” a cena.
O autor da tela mais famosa sequer era nascido na época desses acontecimentos. Foi D. Pedro II quem encomendou a obra, que foi pintada em Florença (Itália), pelo paraibano Pedro Américo, que aplicou a mesma disposição de protagonistas, grupos e cavalarias de um quadro do francês Jean-Louis-Ernest Meissonier, que retrata uma vitória militar de Napoleão.
À época, era comum o artista demonstrar suas habilidades acadêmicas e conhecimentos, aplicando em seus trabalhos padrões de pintores renomados que o antecederam. Ainda assim, Pedro Américo sofreu acusações de plágio.
Como exercício artístico, eu mesmo fiz uma versão mais “realista” da obra (a ilustração deste artigo) e, apesar das mulas serem figuras simpáticas, o charme “heróico” se perde totalmente, beirando o tragicômico.
Quem também merecia ser retratada era a Maria Leopoldina, arquiduquesa da Áustria e primeira esposa de D. Pedro, que na ausência dele, era quem regia o Brasil e, por isso, foi ela quem assinou o Decreto da Independência, declarando o Brasil separado de Portugal, dias antes de seu marido proclamar às margens do Ipiranga!
Henrique Vieira Filho é artista visual, agente cultural (SNIIC: AG-207516), produtor cultural no Ponto de Cultura “Sociedade Das Artes” (SNIIC: SP-21915), diretor de arte, produtor audiovisual (ANCINE: 49361), escritor, jornalista (MTB 080467/SP), educador físico (CREF 040237-P/SP) e terapeuta holístico (CRT 21001).

Henrique Vieira Filho é artista plástico, agente cultural (SNIIC: AG-207516), produtor cultural no Ponto de Cultura “Sociedade Das Artes” (SNIIC: SP-21915), diretor de arte (MTE 0058368/SP), produtor audiovisual (ANCINE: 49361), escritor, jornalista (MTE 080467/SP), educador físico (CREF 040237-P/SP), psicanalista, sociólogo (MTE 0002467/SP), professor de artes visuais, pós-graduado em psicanálise e em perícia técnica sobre artes.
http://lattes.cnpq.br/2146716426132854
https://orcid.org/0000-0002-6719-2559
Contando com cerca de 60 exposições entre individuais e coletivas, em galerias, polos culturais e museus em diversos países, suas obras estão disponíveis tanto em galerias consagradas, como a Saatchi Art, quanto em sua galeria própria, a Sociedade Das Artes, até os mais singelos espaços alternativos.
Atualmente radicado no interior de SP, dedica-se, em especial, ao Slow Art Movement, que prega a apreciação afetiva, “sem pressa” das artes, para todas as camadas da sociedade e ao Projeto Re Arte, em que abre espaço a novos talentos artísticos e à integração das mais diversas formas de artes, por meio de mixagem e releituras.
Editor, autor, pesquisador e parecerista nos periódicos Artivismo (ISSN 2763-6062), Revista TH (ISSN 2763-5570) e Holística (ISSN 2763-7743), conta com centenas de artigos publicados e vinte livros, além de colaborações, entrevistas e consultorias para Jornal da Tarde, O Estado de São Paulo, Diário Popular, Jornal O Serrano, Revista Elle, Revista Claudia, Revista Máxima, Revista Veja, Revista Planeta, Revista Capricho, Revista Contigo, Revista Saúde, Revista Boa Forma, Rádio Globo, Rádio Gazeta, Rádio Eldorado, Rádio Nova, TV Globo (Jornal Nacional, Bom Dia Brasil, Fantástico, etc.), TV Gazeta (Telejornal, Mulheres, Manhã na Paulista), TV Record, SBT (Telejornal, Jô Soares Onze e Meia, etc.), TV Jovem Pan (Telejornal, Opinião Livre, etc.), TV Cultura, TV Bandeirantes, Rede Mulher, TV Rio.