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A crônica de Henrique Vieira Filho presta homenagem ao Dia dos Povos Indígenas (19 de abril) fala sobre sua obra Liberté, Égalité et Indigène, o artista Henrique Vieira Filho propõe uma releitura alegórica e tropical de “A Liberdade Guiando o Povo”, substituindo a deusa europeia por uma mulher indígena brasileira, com a pele pintada em grafismos tribais. Criada para a MITC – Mostra Internacional Totem das Cores, a obra celebra os ideais de liberdade, igualdade e diversidade sob a ótica da ancestralidade e da floresta.
Publicado no Jornal O Serrano – Edição 6447, de 18/04/2025.
E se a Liberdade tivesse a pele pintada com grafismos tribais? E se, em vez de erguer uma bandeira entre escombros europeus, ela cruzasse florestas tropicais, vivas em canto, em cor, em resistência?
Foi com essas perguntas em mente — e pincel em mãos — que criei a obra “Liberté, Égalité et Indigène” (Liberdade, Igualdade e Indigenidade), para a MITC – Mostra Internacional Totem das Cores, considerada o maior evento do mundo sobre arte naïf (pinturas com simplicidade e alma popular), que ocorrerá de setembro a novembro no Museu de Socorro (SP), presta homenagem às relações culturais entre França e Brasil, em nome da democracia, do meio ambiente e da diversidade. Três pilares que, como totens, sustentam não apenas a arte, mas a própria ideia de civilização.
Nesta obra, proponho uma releitura tropical de A Liberdade Guiando o Povo, do grande Delacroix. No lugar da deusa da justiça (a Marianne revolucionária), surge uma mulher indígena brasileira, com a pele pintada em grafismos tribais — signos de pertencimento e identidade. Ela não carrega armas: conduz um povo múltiplo por entre árvores centenárias, uma onça, um tucano, uma arara. Ali, a natureza não é cenário: é personagem.
A pintura propõe um entrelaçamento entre o ideal iluminista francês — Liberdade, Igualdade e Fraternidade — e a essência brasileira, marcada pela ancestralidade indígena, pela biodiversidade e pela resistência cultural. Uma miscigenação simbólica e visual que ressignifica o lema europeu à luz das nossas cores, formas e urgências.
Neste 19 de abril, Dia dos Povos Indígenas, lembro que nem toda liberdade nasce de uma revolução armada. Algumas brotam devagar, como raiz. Crescem como cipó, discretas, firmes, sustentando florestas e futuros. Homenageio, assim, a permanência indígena, sua reinvenção cotidiana diante de séculos de apagamentos.
Ao expor essa obra na MITC, junto a tantos outros artistas que partilham da estética naïf e da paixão pela arte que comunica, compartilho também um desejo: que o mundo possa ver, sentir e compreender a beleza e a urgência de uma liberdade que nasce do chão. Que pinta a pele. Que canta em tupi. Que dança com o vento!
Entre os ideais franceses e a brasilidade que nos atravessa, há um ponto de encontro possível — e necessário. Uma Liberdade de rosto indígena, uma Igualdade que respeita as diferenças e uma Fraternidade que se expressa no cuidado mútuo entre pessoas, florestas e culturas.
Porque, às vezes, a revolução não está no grito. Está na natureza, na pele, na marcha silenciosa que nunca parou!
Convido os leitores para conhecer este obra e muitas mais, que fazem parte da Exposição Cores da Terra, Formas da Alma: A Expressão Indígena em Serra Negra, que se inicia em 19 de abril de 2025, Dia Dos Povos Indígenas
Também homenageando a causa indigenista, no mesmo dia inicia a exibição de cinema: Curta a Serra: Olhares Indígenas Sobre Nossa Terra, com a apresentação dos curtas-metragens “Iara – Guardiã de Nossas Águas”, “Cid Serra Negra – 100 Anos Do Artista Que Levou o Saci Para A Igreja” e o longa antropofágico tupunambá “Como Era Gostoso O Meu Francês”.
Estes eventos contam com o amparo da Lei Aldir Blanc que contemplou as seguintes propostas culturais em Serra Negra/SP:
Projeto Serra Negra: Um Passeio pelas Cores do Mundo
Projeto Do Rural Ao Urbano – A Diversidade Das Artes De Serra Negra
Projeto Serra Negra no Cinema: A Iara e o Saci Circulam Pelos Campos
Maiores informações – Whatsapp: https://wa.me/5511982946468
Henrique Vieira Filho é artista visual, agente cultural (SNIIC: AG-207516), produtor cultural no Ponto de Cultura “Sociedade Das Artes” (SNIIC: SP-21915), diretor de arte, produtor audiovisual (ANCINE: 49361), escritor, jornalista (MTB 080467/SP), educador físico (CREF 040237-P/SP) e terapeuta holístico (CRT 21001).

Henrique Vieira Filho é artista plástico, agente cultural (SNIIC: AG-207516), produtor cultural no Ponto de Cultura “Sociedade Das Artes” (SNIIC: SP-21915), diretor de arte (MTE 0058368/SP), produtor audiovisual (ANCINE: 49361), escritor, jornalista (MTE 080467/SP), educador físico (CREF 040237-P/SP), psicanalista, sociólogo (MTE 0002467/SP), professor de artes visuais, pós-graduado em psicanálise e em perícia técnica sobre artes.
http://lattes.cnpq.br/2146716426132854
https://orcid.org/0000-0002-6719-2559
Contando com cerca de 60 exposições entre individuais e coletivas, em galerias, polos culturais e museus em diversos países, suas obras estão disponíveis tanto em galerias consagradas, como a Saatchi Art, quanto em sua galeria própria, a Sociedade Das Artes, até os mais singelos espaços alternativos.
Atualmente radicado no interior de SP, dedica-se, em especial, ao Slow Art Movement, que prega a apreciação afetiva, “sem pressa” das artes, para todas as camadas da sociedade e ao Projeto Re Arte, em que abre espaço a novos talentos artísticos e à integração das mais diversas formas de artes, por meio de mixagem e releituras.
Editor, autor, pesquisador e parecerista nos periódicos Artivismo (ISSN 2763-6062), Revista TH (ISSN 2763-5570) e Holística (ISSN 2763-7743), conta com centenas de artigos publicados e vinte livros, além de colaborações, entrevistas e consultorias para Jornal da Tarde, O Estado de São Paulo, Diário Popular, Jornal O Serrano, Revista Elle, Revista Claudia, Revista Máxima, Revista Veja, Revista Planeta, Revista Capricho, Revista Contigo, Revista Saúde, Revista Boa Forma, Rádio Globo, Rádio Gazeta, Rádio Eldorado, Rádio Nova, TV Globo (Jornal Nacional, Bom Dia Brasil, Fantástico, etc.), TV Gazeta (Telejornal, Mulheres, Manhã na Paulista), TV Record, SBT (Telejornal, Jô Soares Onze e Meia, etc.), TV Jovem Pan (Telejornal, Opinião Livre, etc.), TV Cultura, TV Bandeirantes, Rede Mulher, TV Rio.