Arte em Toda Parte: O Início de um Museu Vivo

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Esta semana é de festa e contas a acertar. Faltando poucos dias, se meu tio Ary Vieira estivesse entre nós, ele completaria 104 anos. Ele foi um guerreiro, um serrano que adorava uma piada, mas que acima de tudo, era um excelente desenhista de nanquim.

O destino, em seu humor peculiar, fez com que ele falecesse em 2017, a uma semana de receber uma homenagem que ele tanto apreciava. O combatente da FEB, o homem que era a paz em pessoa, apesar de toda a guerra.

Mas a vida, meus amigos, não dá trégua. Enquanto eu penso nos 104 anos do meu tio – que em sua essência já praticava o que hoje chamam de Slow Movement (o movimento de viver devagar, apreciando a vida sem a ansiedade dos grandes centros) –, a burocracia nos presenteia com um reconhecimento oficial: o Ministério da Cultura finalmente coroou nossa Residência Artística como MUSEU oficial! 

E, como se não bastasse, ainda fomos reconhecidos, via edital estadual, como Ponto de Cultura! Em um 2025 cheio de vitórias, é a cultura florescendo, mesmo com verba que, sejamos francos, é muito modesta e vem de fora, com nossos projetos vencendo o “vestibular” dos editais da Lei Aldir Blanc e do PROAC. Mas, o que nos move é o amor à ARTE!

E o que faremos com esse novo status de Museu? Iniciaremos a Pré-Abertura do Museu ReArte com um evento que homenageia meu tio e sua dualidade. O acervo histórico começa com o que ele trouxe da Segunda Guerra: diários, medalhas, e, em contraste com os horrores das batalhas, sua coleção de belíssimos cartões postais dos pontos históricos da Europa que ele colecionava. É a beleza que sobrevive à barbárie, um achado que apresentaremos ao público neste domingo.

E, claro, a nossa máxima de “Arte em toda parte” não pode falhar. Teremos a exposição de pinturas e a apresentação teatral (ensaio aberto) da peça “Esconde o Conde”, baseada na profunda pesquisa de Nestor Leme sobre o nobre da família imperial alemã que vivia aqui em Serra Negra. 

E para dar um toque ainda mais vibrante, a Cia. Talento coreografará músicas criadas especialmente para homenagear nossa cidade, transformando o ensaio aberto em uma festa interativa!

E assim chegamos ao cerne da questão: o legado não são só as medalhas. É a capacidade de transformar a memória em ação, a história em riso, e a honraria em festa popular. 

A comemoração da vida do meu tio se funde com a inauguração do Museu, e tudo isso acontece graças à ousadia de quem acredita que a Cultura, mesmo sem grande lastro financeiro, é a nossa maior riqueza.

E é por isso que convido a todos para o nosso “Memória em Movimento” — o evento que marca o início do Período de Visitas Experimentais do Museu ReArte! 

Para saber como participar, acesse o site www.rearte.com.br. Garanta seu lugar nesta primeira leva, pois a memória não espera!